Queridos filhos, se pudesse dar-vos
apenas uma coisa na vida,
dar-vos-ia a capacidade
de se verem pelos ‘meus’ olhos.
Só então perceberiam
o quão especiais são para mim!
Com amor, Pai.
Dei-te vida e agora és tu que ma dás a mim, curioso. Olho-te, e descubro forças onde eu jurava não existirem. Olho-te, e sinto que valeu a pena eu vir ao mundo. Olho-te, e sou capaz de sentir orgulho de mim. Se há coisa de que não me arrependo na vida é ter-te feito. Se há coisa pela qual vale a pena viver é sem dúvida por um filho/a. Dependes tanto de mim, e eu dependo, acredita, ainda mais de ti.
A partir do momento em que te olhei, deixei de ser egoísta, deixei de ser a prioridade para mim, passei, e muito bem, para segundo plano na minha vida. Sei que eu tenho de estar bem para tu também poderes estar, sei que se eu não cuidar de mim também não poderei cuidar de ti, mas se cuido de mim não é por mim, é por ti.
Ensinaste-me meu filho e minha filha, sem querer, a ser melhor pessoa e agradeço-te eternamente por isso. Só te peço que, se algum dia, infelizmente, tiveres de ser tu o meu pai/mãe, nunca me tires o que nunca te neguei, uma companhia.
– “Raul Minh’alma”, ed. Manuscrito
