No Dia Mundial da Criança, no OBSERVADOR, o conhecido psicólogo Eduardo de Sá responde a muitas questões que se colocam nas sociedades atuais. Por exemplo, quando os miúdos estão no chão a fazer aquelas birras, aquelas em que eles batem com as mãos e com os pés no chão, o melhor do mundo continuam a ser as crianças?
“Ao contrário do que podemos julgar, a infância não é só um paraíso. Crescer custa muito, pode deixar cicatrizes, dores, às vezes tenho medo que quando colocamos esse mundo bucólico, idílico, de que o melhor do mundo são as crianças estejamos a passar por cima de zonas opacas de sofrimentos, feridas, algumas delas que são protagonizadas pelos próprios pais. Afinal, as crianças estão à beira da extinção – não propriamente pelos índices de natalidade – mas estou sobretudo a falar do tempo que as crianças têm para ser crianças! E nós com esta fúria de que lhes damos escola, escola, escola voltamos a reinventar o ‘trabalho infantil’ numa versão século XXI.
Mas, devemos concentrar-nos no essencial: há muitas crianças pobres ainda e, isso discrimina-as e compromete toda a sua vida. E isso não é razoável num País que se diz amigo das crianças e, onde personalidades públicas e governantes, sobretudo num dia como este, aparecem para falar de como são importantes as crianças, é incrível que esqueçam que muitas crianças não têm escola ou são esquecidas nos apoios da Segurança Social.
Inundamos as crianças de brinquedos, tecnologias, um sem número de coisas para fazer mas, se calhar estamos a esquecer aquela parte essencial que é deixar aos miúdos aquela possibilidade de serem miúdos, de treparem às árvores, de brincarem uns com os outros, de imaginar, sonhar… Devíamos todos, mas todos, parar um pouco para pensar e perguntar só isto: até que ponto a infância dos nossos filhos está a ser melhor ou pior do que a nossa?“.
Oiça agora a pequena conversa sobre estes temas, tão atuais, no podcast: